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Falta de Cestas Básicas no CRAS de Santa Fé do Sul Deixa Famílias Vulneráveis na Mira da Fome: “É Pão e Circo, Como na Roma Antiga”

Falta de Cestas Básicas no CRAS de Santa Fé do Sul Deixa Famílias Vulneráveis na Mira da Fome: “É Pão e Circo, Como na Roma Antiga”
Santa Fé do Sul, SP – 10 de outubro de 2025 – Em meio a um cenário de doações recentes que prometiam alívio às famílias carentes, uma moradora de Santa Fé do Sul denuncia o que chama de “falha gritante” no sistema de assistência social municipal. Integrante ativa de uma igreja evangélica local, a mulher procurou a reportagem da Dinâmica FM 104.7 e do programa Edson Ferreira Notícias para relatar o drama de uma família que ela e o marido auxiliam há meses: três pessoas com deficiências graves, incluindo uma pessoa com problemas mentais.
A denúncia é dura e aponta para uma aparente escassez de cestas básicas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), principal porta de entrada para benefícios sociais no município. Segundo a moradora, a família em questão, que vive em condições precárias no bairro Jardim universitário 7, tem batido à porta do CRAS repetidas vezes nos últimos dias em busca de alimentos essenciais. A resposta, sempre a mesma: “A distribuição acabou. Voltem em 90 dias”.
“Como é possível isso? Essa família não tem condições de esperar três meses sem um prato de comida na mesa. Eles dependem só disso, e o CRAS é o único lugar onde podem recorrer”, desabafou a denunciante em entrevista exclusiva à Dinâmica FM. Voluntária na igreja, ela e o esposo complementam a ajuda com doações pessoais, mas admitem estar no limite. “Eu pergunto: como pode? Santa Fé do Sul está igual à Roma antiga: pão e circo para o povo. Tem festa, tem rodeio, mas o básico falta para quem mais precisa”.
A comparação com a Roma imperial – famosa por distribuir pão e espetáculos para aplacar as massas enquanto ignorava desigualdades – não é à toa. O município, com cerca de 40 mil habitantes na região noroeste paulista, tem se destacado por eventos culturais e esportivos, como a Festa do Peão de Boiadeiro (FICCAP), que em setembro arrecadou 158 cestas básicas doadas pelo vereador Murilo Basi e pelo grupo Amigos do Rodeio ao Fundo Social de Solidariedade. As doações, entregues no dia 23 de setembro, foram destinadas a entidades e famílias em vulnerabilidade, segundo nota oficial da prefeitura. No entanto, para a moradora, o gesto isolado não resolve o problema estrutural: “É uma gota no oceano. O CRAS precisa de estoque contínuo, não de esmolas esporádicas”.
Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) reforçam o contexto nacional de pressão sobre as cestas básicas. Em setembro de 2025, o custo médio da cesta em São Paulo caiu 1,44% em relação a agosto,  o mais alto do país. Ainda assim, para famílias como a denunciada, que dependem de benefícios como o Bolsa Família e auxílios por deficiência, a espera de 90 dias pode significar dias sem arroz, feijão ou óleo. O CRAS de Santa Fé do Sul,  atende de segunda a sexta, das 8h às 17h, e é responsável por cadastros no Cadastro Único (CadÚnico), atualizações e distribuição de benefícios. Em março deste ano, a unidade emitiu orientações sobre novas regras para cadastros, enfatizando a necessidade de documentos como RG, CPF e comprovante de residência.
A reportagem da Dinâmica FM tentou contato com a Secretaria Municipal de Assistência Social para esclarecimentos sobre o estoque de cestas e os critérios de distribuição, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Fontes da prefeitura indicam que o Fundo Social gerencia as doações, mas a alocação via CRAS segue fila de prioridade para casos de extrema pobreza e deficiências. “Precisamos de transparência. Quantas cestas restam? Por que essa espera de três meses?”, questiona a moradora, que faz um apelo à comunidade: “Quem puder ajudar, a igreja está aberta. Mas o poder público tem que dar o exemplo”.
O caso expõe fragilidades no sistema de assistência social em Santa Fé do Sul, onde projetos como o Mercado Solidário da Paróquia São João Batista – lançado em 2023 para auxiliar baixa renda – ainda lutam para suprir demandas crescentes. Em um país onde 24 das 27 capitais viram queda no preço da cesta básica em agosto, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o drama local serve de alerta: a fome não espera por burocracia.

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